11.2.11

A história dos 30



Quando fiz 29 anos achei que tinha o relógio contra mim e que só tinha um ano para realizar um milhão de coisas. Parecia uma sentença de morte que declarei a mim mesma. A frase, que se vinha perpetuando no tempo e na minha cabeça:  "já tenho X anos e ainda não fiz nada", parecia que me ia engolir e cuspir-me na cara o quão falhada era. Eu, simplesmente, não estava a perceber que fazer anos não é uma competição e que não tinha de lutar contra tal certeza. Há lutas perdidas antes sequer de as iniciarmos. Lutar contra os anos? Please... é mais idiota que lamber pedras da calçada da Rua Augusta...
Percebi que é estúpido mentir, relativamente à idade, em qualquer idade, mas é muito mais estúpido pensar nisso aos 30. Quando me diziam que ser jovem é uma questão transcendento-espiritual, eu pensava imediatamente que só me estavam a querer dar um sedativo antes de morrer. Que não me queriam alertar para o precipício que aí vinha para não sofrer antecipadamente. Mas a idade trás sabedoria e as pessoas mais velhas lá sabem o que dizem.
A verdade é que agora, que bateram os 30 (e efectivamente não realizei nada no último ano), já disse dez milhões de vezes a minha idade a toda a gente. Estou orgulhosa de chegar aos 30 jovem de espírito e adolescente de aspecto. Não vou querer ser aquela que aos 50 mente no Centro de Saúde sobre a data do B.I., nem vou ser aquela que se vai importar de parecer ridícula, aos olhos dos outros, por insistir em vestir uma mini-saia rosa-choque aos 70 anos, e quero fazer o pleno quando aos 80 parecer leviana por dançar nos bailaricos todos com o tipo mais novo de 60 anos, sem tirar o sorrisinho tonto da cara. Uma amiga minha acertou em cheio quando uma vez (enquanto eu experimentada um chapéu de feltro de abas a baterem-me na cara) me disse: "vais ser uma velha tão pindérica!". Pois vou! Porque me vou recusar a ficar de sapatos ortopédicos em frente à televisão a ver programas que têm a capacidade de fazer cubos de gelo nos cérebros das pessoas.

Com a entrada dos 30 na minha vida, em vez de ver o funil estreitar-se, corri para a outra ponta do funil e agora vejo como ele se vai ampliando. Tenho uma vida de realizações pela frente que começa agora, e que não poderia ter começado aos 20. Faltava-me qualquer coisa.

Moral da história: Partida. Largada. Corrida. A vida começa agora!



2 comentários:

  1. Vais, efectivamente, ser a velha mais pindérica:) mas também a mais divertida de todas, tenho a certeza...

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  2. Foi assim mesmo que me senti quando fiz os 30! E fiz os 31 com ainda mais alegria!
    Hoje quando me perguntam a idade tenho que pensar...ah...31! pois continuo a sentir-me como uma garota! E só me lembro da idade que tenho quando me chamam senhora, e eu ainda olho para trás para confirmar que é mesmo comigo.
    A vida começa mesmo! os nossos olhos estão mais abertos e a nossa mente já sabe o que procurar!
    Já não perdemos tempo a manter as aparências e muito menos a concordar só para ficar bem na fotografia!
    Minha amiga bem vida à fase da vida em que nos livramos dos soutiens!!! ahahahah
    Foi a melhor imagem que me lembrei!

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